A música dos Ligados às Máquinas é uma construção sui generis: junta pedaços cuja conciliação pode parecer forçada ou mesmo impossível, para apresentar um todo unificado e harmonioso que, muito provavelmente, não soa a nada que já tenha escutado até hoje. Há mais de 10 anos que têm vindo a tecer e a mostrar ao vivo esta sua ‘manta de retalhos sonora’, mas agora, pela primeira vez, apresentam-na registada para a posteridade, num disco a que chamaram “Amor Dimensional” e que vai ser editado daqui a precisamente um mês.
Este é o resultado de uma colaboração com mais de 30 artistas nacionais, que cederam matéria sonora da sua autoria, posteriormente transformada pela orquestra de samples da APCC em nove temas originais, que desenham um dia na vida de cada um: do amanhecer ao acordar, da procrastinação à tensão, da obrigatoriedade à liberdade de escolha limitada, da melancolia confortável à refeição aconchegante até ao merecido descanso (enriquecido pela possibilidade de sonhar).
Das melodias e dos ritmos de Ana Deus, Bruno Pernadas, Cabrita, Carincur, Catarina Peixinho, Coro Ninfas do Lis, Dada Garbeck, Filipe Rocha, First Breath After Coma, Gala Drop, Joana Gama, Joana Guerra, João Doce, João Maneta, João Pedro Fonseca, José Valente, Lavoisier, Mano a Mano, Moullinex, Nuno Rancho, Orquestra e Coro da Gulbenkian, Pedro Marques, Retimbrar, Ricardo Martins, Rita Braga, Rita Redshoes, Salvador Sobral, Samuel Martins Coelho, Samuel Úria, Selma Uamusse, Senhor Vulcão e Surma, às atmosferas surpreendentes criadas pelos membros dos Ligados às Máquinas.
“Amor Dimensional” é, por isso, o som do poder da criação coletiva, da magia da descoberta, do fascínio da diversidade, da riqueza da natureza humana e da resiliência da arte. Uma obra que teve o seu ponto inicial em 2023, no festival Nascentes, para o qual alguns destes temas foram criados e onde foram tocados ao vivo pela primeira vez, e que é também mais um fruto da parceria entre a APCC e a Omnichord, que já resultou na edição de dois álbuns dos 5ª Punkada.
Os Ligados às Máquinas são um inovador projeto musical de originais, construídos a partir da combinação de amostras sonoras, escolhidas e recolhidas pelos seus membros e cruzando hip-hop, rock, techno, fado, blues, world music, música erudita, música concreta e sons da publicidade ou de séries televisivas. Já se apresentaram ao vivo em vários pontos do país, através de espetáculos em nome próprio ou da participação em projetos colaborativos. Constituem a primeira (e provavelmente a única) orquestra de samples em cadeiras de rodas do mundo, sendo atualmente formados por Andreia Matos, Dora Martins, Fátima Pinho, Hélia Maia, Jorge Arromba, José Miguel Morgado, Luís Capela, Mariana Silva, Pedro Falcão e Sérgio Felício, cabendo a coordenação a Paulo Jacob.
A música é uma das várias áreas do campo artístico dinamizadas na APCC, com quatro grupos atualmente em atividade. No âmbito do Departamento de Música, o trabalho desenvolve-se também através de intervenções ao nível da musicoterapia, educação musical adaptada e expressão musical adaptada. Pode saber mais em www.apc-coimbra.org.pt/?page_id=163.