Uma semana inteira a olhar para o teatro, para como se faz, como se nos apresenta, como nos leva a questionar, como nos muda. Foi a isso que se propuseram o Sala T e o Projeto Estúdio durante a Semana do Teatro, que terminou na passada sexta-feira e em que aqueles dois coletivos da APCC revisitaram, na Quinta da Conraria, os seus mais recentes espetáculos: “Algo acontece” e “Oficina em que o mundo dá muitas voltas”, respetivamente.
O público foi, desta vez, constituído maioritariamente pelos utentes do Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) e do Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação Social para Pessoas com Deficiência (CAARPD), mas no último dia houve uma sessão muito especial preparada pelo Sala T para familiares dos próprios atores! Comecemos, por isso, pelo fim…
E por dizer que, entre a versão de “Algo acontece” que foi estreada precisamente na Semana do Teatro de 2023 e a que agora esteve em cena, muitas mudanças foram introduzidas, sem que se tivesse alterado o propósito inicial: saber o que a arte faz acontecer dentro de cada um. A frase «Quando vejo uma obra de arte, algo acontece no meu coração» voltou, por isso, a ser o fio condutor de uma encenação muito aplaudida, que culminou num desafio para que fosse o público a criar uma história original, a partir de algumas obras de arte.
Outro tipo de exercício foi proposto nas apresentações de “Oficina em que o mundo dá muitas voltas”, em que se reencenou a oficina-espetáculo que o Projeto Estúdio levou, em junho, à Livraria Casa do Castelo – na procura de participantes capazes de uma minirrevolução feita de palavras que inquietam – mas também se recordou todo o percurso do programa “Uma sombra é para…”, delineado por aquele coletivo em torno da ideia e dos significados de sombra e apresentado em várias livrarias da Cidade.
A Semana do Teatro foi, no final de contas, uma oportunidade para olhar para esta arte enquanto força de transformação – interna, como demonstrado no olhar expresso pelo Sala T em “Algo acontece”, ou externa, como o Projeto Estúdio ensaiou na reflexão sobre a liberdade que realizou em “Oficina em que o mundo dá muitas voltas”. Uma capacidade que justifica que o teatro constitua uma parte importante da ação da APCC enquanto promotora da inclusão social, conciliando a criação e a performance com dinâmicas no campo da expressão dramática.
A área artística desempenha, de resto, um papel central na atividade da Associação: além do teatro, são desenvolvidas ainda atividades nos campos das artes plásticas e da música. Pode saber mais em www.apc-coimbra.org.pt/?page_id=247.