Mistério, infinito, porta, vassoura, armário, janela, elixir, sonho, mergulho, coroa, dinossauro… Sem querer estragar a surpresa a quem, na próxima semana, receberá na Casa do Castelo um envelope com uma mensagem escrita por um provável desconhecido, estas foram algumas das muitas palavras ‘escolhidas’ pelo público da primeira apresentação do espetáculo “Até onde chega um sorriso?”, que o Projeto Estúdio levou ontem àquela livraria da Baixa de Coimbra.
Trata-se de uma criação inspirada pelo livro “Um sorriso”, de Marie Voigt, em que as pequenas salas daquele histórico espaço são ‘invadidas’ por viajantes – guiados pelos membros do referido grupo de teatro da APCC – que vão sendo confrontados com pequenas histórias, grandes segredos, misteriosos envelopes, mágicos lápis verdes (porque permitem soltar a criatividade até do mais sorumbático) e uma caixa de correio FLORescente…
Na próxima quinta-feira (23 de maio), haverá mais uma apresentação, no mesmo local. A partir das 10H30, com entrada livre, qualquer pessoa terá então uma nova oportunidade para tentar (re)descobrir onde pode realmente chegar o presente maravilhoso sobre o qual escreveu Marie Voigt. O Projeto Estúdio, coordenado pela atriz e professora Adriana Campos, dará uma ajuda e compromete-se a não deixar ninguém sair da Casa do Castelo sem pelo menos um sorriso – ou, mais provavelmente, com vários.
“Até onde chega um sorriso?” é a terceira estação do ciclo ‘Primaverar’, em que o Projeto Estúdio tem vindo a procurar inspiração na literatura para criar espetáculos que são apresentados nas livrarias que acolhem os livros que os influenciaram. Decorre no âmbito do projeto ‘FLORescente’, que parte do verbo ‘primaverar’ inventado por Tolentino de Mendonça e pretende afirmar a primavera como uma transformação que perpassa a natureza e nos renova internamente, aconteça quando acontecer. Este projeto aprofundou a relação daquele coletivo com a literatura, bem como com a escrita e a leitura, promovendo o contacto com a comunidade e envolvendo todos os elementos na construção do objeto artístico.
Com estas apresentações na Livraria Casa do Castelo, o Projeto Estúdio marca também o seu regresso à Baixa de Coimbra, onde já tinha ‘inaugurado’ a Loja de Vender Poetas (inspirada no livro de Afonso Cruz “Vamos comprar um poeta”) e a Loja de Vender FI (sobre o elixir que faz falta na nossa vida). Este grupo de teatro – um dos dois em atividade na APCC – já criou também “Cem linhas – notas para viajar dentro de um espetáculo”, um espetáculo e um livro influenciados pela obra “Eu espero”, de Davide Cali.
O teatro é uma das várias áreas artísticas que constituem uma parte importante da ação da APCC enquanto promotora da inclusão social. É desenvolvido tanto através de dinâmicas no campo da expressão dramática, como de apresentações ao público, dentro e fora das instalações da instituição, que conta atualmente com dois grupos teatrais ativos (Projeto Estúdio e Sala T). Pode saber mais em www.apc-coimbra.org.pt/?page_id=247.